Assassin’s Creed Shadows é o novo game da franquia da Ubisoft que teve início há muitos anos, em 2007. De lá para cá, tivemos muitas versões. Depois de passar por locais como a Itália, França, Estados Unidos, Caribe e Grécia Antiga, o jogo agora explora o Japão Feudal.
Mas será que o game entrega uma experiência satisfatória? Nós tivemos a oportunidade de jogar e contamos para você agora.
História bem contada e bons personagens
A narrativa se passa durante o período Azuchi-Momoyama, no século XVI. A história se desenrola de forma interessante, e apresenta dois personagens jogáveis: Yasuke, um samurai africano baseado em uma figura histórica real, e Naoe Fujibayashi, uma kunoichi (ninja feminina), fictícia.
Yasuke, assim como apresentado no game, é inspirado em um guerreiro de origem africana que serviu sob o daimyo Oda Nobunaga, e foi elevado ao status de samurai.
Naoe Fujibayashi é retratada como filha de Fujibayashi Nagato, um dos líderes do clã shinobi de Iga no século XVI.
A narrativa do jogo explora a luta milenar da franquia, entre a Irmandade dos Assassinos e a Ordem dos Templários, oferecendo aos jogadores a oportunidade de vivenciar o Japão feudal através de duas perspectivas distintas, com combate mais intenso ou furtividade estratégica.

Mesma fórmula, outro mundo
Assim como a totalidade de jogos da série, Assassin’s Creed nos apresenta de início um mundo fantástico. Bonito, cheio de cores, boas texturas, gráficos que são atrativos e trazem uma ótima apresentação para a história.
Se passa em um momento em que o Japão está unindo forças para reunificar o país e lidar com as suas sombras do passado, tomado por guerras.
Somos apresentados por uma história que perambula entre dois personagens, Naoe e Yasuke – uma moça jovem que domina a arte do Shinobi, que caminha pelas sombras e tem um lance de furtividade; e um samurai enorme e brucutu que arrebenta todo mundo que vê na frente.
O jogo se passa em uma guerra pelo Japão Feudal e tem conexão com uma vingança pessoal da personagem. Tudo é bem escrito e interessante, prende no começo.
Até as coisas começarem a ficar… bem… Assassin’s Creed.

Gameplay fluido, progressão maçante
Apesar de Shadows apresentar um gameplay bem fluido, com ótimas animações, combate dinâmico e movimentação muito boa, infelizmente o game peca em manter o jogador interessado devido ao sistema de progressão, que é bem horrível.
Começamos a jogar com Naoe. O problema é que Naoe é extremamente fraca. E a ideia com ela é só jogarmos na furtividade. Caminhar pelas sombras, assassinar inimigos sem que notem, etc.
Para começar é interessante. Mas isso se torna um grande problema no momento em que passamos SETE HORAS de jogo apenas com ela. Sem liberar o segundo personagem.
Isso é frustrante por alguns motivos simples:
– Naoe não consegue enfrentar grupos de inimigos. Ela simplesmente leva uma sova caso tenha dois, três ou mais inimigos ao mesmo tempo pra lutar contra;
– Horas e horas de gameplay só em furtividade e exploração;
– Dá para reduzir o nível do jogo. Mas até no nível fácil os combates com a moça ficam complicados. Dá para colocar no modo história. Mas aí fica muito fácil. Ou seja, o jogo é completamente desbalanceado e não tem um nível descente para escolher e que possa proporcionar uma diversão pra quem quer ESCOLHER entre ser furtivo e cair na porrada.
Isso limita muito a estratégia do jogador, e transforma a primeira parte do jogo em praticamente 100% furtiva. A não ser que você apele para mudar o nível e tornar a coisa bem mais maçante ainda.
Mesmo depois que Yasuke é liberado, a sensação de desbalanceamento ainda é clara: ele simplesmente fatia todos os inimigos. Monstruosamente.
A ponto de até o jogo ficar fácil. Ou seja, não temos meio termo aqui. Só depois de, sei lá, mais de 10 horas de jogo, em que você já entendeu todas as mecânicas e os personagens se equiparam um pouco aos inimigos.
Em nosso ponto de vista, introduzir personagens com habilidades tão diferentes e que impedem o outro de progredir em determinados lugares, foi uma escolha falha.

Algumas escolhas no game design fazem o jogador perder tempo
O jogo introduz algumas mecânicas conhecidas da série, como escalar, coletar itens, encontrar generais para liberar castelos, etc.
Acontece que, com dois personagens distintos, a gente fica com vontade de unir os dois para realizar essas tarefas. E não um de cada vez.
Houve momentos em que demorei para encontrar os generais para liberar um castelo, e quando o fiz, faltava descobrir o último baú para finalmente liberar o lugar.
O problema: eu estada com Yasuke. E ele não escala com tanta habilidade como Naoe. Resultado, tive que sair da área do castelo para mudar de personagem. E finalmente ir até lá novamente e abrir o baú.
O que ocasionou uma sensação bem frustrante de perda de tempo desnecessária no game.
Outro ponto que poderíamos citar aqui como “preguiça na programação”, é o arpéu de Naoe. Só funciona se usar ele em teclados de construições. Quer usar em muros? Não dá. Em árvores? Nada disso. Em navios? Também não.
Além dessas mecânicas, outras também nos incitam a “enrolação”, como encontrar itens, missões, ou pontos de interesse. Certo, há uma opção de dificuldade para facilitar isso também. Mas mesmo com a opção de ajuda visual ativada, muitos elementos ainda precisam de tempo depositado para concluir – como encontrar generais em castelos do tamanho de uma cidade.

Combate excelente e intuitivo
Depois de muitos games na série e refinamento ao longo dos anos, o combate em Assassin’s Creed está bem refinado. As animações são lindas e fluidas, e o jogador dispõe de habilidades interessantes para lidar com os inimigos.
Desde que a franquia ganhou elementos de RPG, dá para desenvolver uma árvore de habilidades. E aqui, cada personagem tem uma, bem como com suas habilidades com as armas que portam.
Isso faz com que o jogador aprimore não só os equipamentos, mas também o modo de jogo que tem preferência. Se é mais combate ou furtividade.
Mesmo assim, lidar com os inimigos, tanto em furtividade quanto em combate, é bem legal e dinâmico.

Sistema de gerenciamento de assentamento aprimorado
Já tínhamos visto o gerenciamento de assentamento em Assassin’s Creed Valhalla. Antes, era possível construir e melhorar construções.
Agora, no entanto, o game oferece não só essas opções, mas também selecionar onde cada construção vai. Ou seja, dá para construir uma pequena vila e você posiciona as construções, enfeites, etc.
É um ponto bônus para quem curte gerenciamento, onde você pode criar o seu assentamento e depois perambular pelas instalações entre missão ou outra.
Além disso, há também batedores, que dão uma dose de gerenciamento. São unidades de apoio que você pode usar para suporte. Eles ajudam tanto a descobrir o que há nas proximidades e em missões, bem como fazem o contrabando de recursos caso você encontre alguma fonte.
Conclusão
Assassin’s Creed Shadows é um jogo bonito e atrativo inicialmente. Traz bastante conteúdo interessante, como a narrativa bem executada e contada, diálogos bons, personagens interessantes e também uma trilha sonora primorosa – que nos coloca diretamente no mundo asiático que o jogo proporciona.
No entanto, algumas escolhas de design não nos agradaram muito, como o caso dos personagens terem prós e contras, e a todo momento o jogador ter que trocar entre eles para realizar missões com totalidade.
Isso, em nossa visão, quebra a imersão do jogo e apresentou alguns problemas um tanto frustrantes.
Além disso, o senso de progressão do jogo segue a velha linha Assassin’s Creed. Muitos locais para explorar, muitas coisas para fazer. Nas primeiras horas, é super legal e atrativo. Depois de um tempo, tudo dica extremamente igual e repetitivo. Até mesmo elementos visuais se repetem, como só as árvores que os personagens conseguem escalar.
Ou seja, se fosse requentar conteúdo como a série faz tradicionalmente há muitos anos, poderia requentar de um Assassin’s Creed que permita ao menos escalar árvores, como o Assassin’s Creed 3, de 2017.
Quem já conhece e não curte o estilo da franquia, não vai se atrair muito por este. Bem como aqueles que ficam com um pé atrás na espera de um game que revolucione e realmente entregue o nível de qualidade que outrora vimos: como no início da série de jogos, ou até mesmo Odyssey, que foi uma ótima surpresa.
Para quem gosta dos jogos da série, vai curtir aqui as novidades. A ambientação, temática japonesa foi introduzida muito bem. Assim como o belo visual, trilha sonora e jogabilidade ágil.
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Nota: 4/5
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