Dois anos após a trágica implosão do submarino Titan, da OceanGate, investigadores encontraram algo surpreendente entre os destroços esmagados do veículo: uma câmera com um cartão SD totalmente intacto, e funcionando.
A descoberta foi destacada recentemente pelo comunicador científico Scott Manley, que vem acompanhando de perto o caso desde o acidente. Segundo documentos oficiais divulgados pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB), a equipe de resgate localizou a câmera, protegida por uma carcaça de titânio, ainda contendo o cartão de memória. O equipamento foi identificado como um modelo SubC Rayfine Mk2 Benthic, projetado para suportar profundidades de até seis mil metros, o equivalente a quase 20 mil pés.
Apesar de a lente da câmera ter se despedaçado e parte da eletrônica interna ter se soltado com o impacto, o cartão sobreviveu sem qualquer dano. De acordo com o site Tom’s Hardware, tratava-se de um SanDisk Extreme Pro de 512 GB, avaliado em cerca de US$ 63. O relatório aponta que a janela óptica de cristal de safira sintética resistiu à pressão, protegendo o interior do dispositivo no momento em que a lente cedeu.
Após a recuperação, os técnicos criaram uma cópia binária exata do cartão para investigar seu conteúdo. No entanto, os dados estavam criptografados, e as chaves de acesso haviam sido perdidas junto com a CPU da câmera, que foi destruída. Para contornar o problema, as autoridades entraram em contato com os fabricantes dos componentes eletrônicos e, com peças substitutas, conseguiram finalmente acessar os arquivos.
O que encontraram foram 12 fotos e nove vídeos em resolução 4K ou superior. Nenhum deles, porém, mostrava o momento do acidente. Os registros indicam que o equipamento estava configurado para transferir seus dados automaticamente para o computador de bordo do submarino, que não resistiu à implosão.
A descoberta veio à tona junto com o relatório final do NTSB sobre o desastre que ocorreu em junho de 2023, durante uma expedição aos destroços do Titanic, a mais de 3.800 metros de profundidade. A investigação concluiu que a tragédia foi causada pela falha estrutural do casco de fibra de carbono e titânio do Titan, que apresentava “diversas anomalias” e “não atendia aos padrões mínimos de resistência e durabilidade”.
O documento também responsabiliza o CEO da OceanGate, Stockton Rush, que estava a bordo e morreu na implosão, por negligência e por ignorar recomendações de segurança. Rush chegou a declarar que seguir normas rígidas era “pura perda de tempo” e, segundo testemunhas, teria ameaçado críticos e afirmado que “compraria um congressista” caso as autoridades tentassem impedir suas operações.
Mesmo sem imagens do momento da tragédia, o achado da câmera e do cartão SD oferece um raro vislumbre do que restou de uma das mais trágicas e polêmicas missões subaquáticas da história moderna.
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