O Japão sempre foi o berço das ideias mais malucas da Nintendo, mas poucas chegam ao nível do experimento que apareceu em 2007: um acessório que literalmente transformava o Nintendo DS em um mouse de mesa. Sim, isso realmente existiu. Chamado Slide Controller, o dispositivo foi lançado oficialmente, mas apenas como brinde exclusivo do jogo Slide Adventure: MagKid, e se conectava ao portátil pela entrada GBA localizada na parte inferior. De lá, um sensor óptico com um LED vermelho fazia toda a mágica.
Para jogar, bastava encaixar o acessório, colocar um pequeno ímã — o simpático “Mag Kid” — sobre a tela sensível ao toque e apoiar o DS numa superfície lisa. A partir daí, o jogador movia o próprio console pela mesa como se estivesse arrastando um mouse, enquanto o personagem na tela seguia os movimentos com precisão surpreendente. A ação acontecia em tempo real: inimigos fugiam, itens surgiam e o mundo reagia de forma dinâmica conforme você deslizava o aparelho.

As fases exploravam bem essa proposta. Em uma delas, o objetivo era caçar peças de robôs e montá-los ao encontrar partes brilhantes pelo caminho. As batalhas contra chefes exigiam reflexos rápidos, já que você precisava desviar, bater os inimigos contra obstáculos e lidar com a vibração inesperada do DS sempre que acertava ou errava o movimento. O acessório, porém, não funcionava perfeitamente em qualquer tipo de superfície, então a experiência incluía testar mesas, livros ou até caixas até achar o “ponto ideal”.
MagKid também oferecia três modos principais. Além da montagem de robôs, havia um desafio em que você criava trilhas conectando inimigos derrotados para somar pontos, e uma seleção de minigames desbloqueados ao escanear cartões especiais, cada um adicionando novas habilidades e mudanças na jogabilidade.
A história era contada em cenas fofas e mostrava um garoto e seu amiguinho magnético encarando perigos domésticos exagerados, de insetos a aranhas gigantes. Mesmo totalmente em japonês, os movimentos contam a história por si só, com animações cheias de expressão e uma dose de caos infantil.

O jogo foi desenvolvido pela Agenda, um estúdio especializado em projetos inusitados para o DS. Eles pegaram uma tecnologia ótica comum (a mesma usada em mouses) e a reduziram até caber em um “tijolinho” do tamanho de um cartucho de GBA. A Nintendo gostou tanto da ideia que oficializou o acessório como periférico, embora restrito ao Japão. Na época, custava cerca de 5.800 ienes, mas nunca chegou ao Ocidente.
Hoje, achar um kit completo é quase um evento arqueológico gamer, com preços que facilmente ultrapassam algumas centenas de dólares. Apenas o Slide Controller avulso costuma ser mais acessível, e mesmo sem ele o jogo continua funcional, já que a touchscreen permite controlar o Mag Kid arrastando o dedo. Só vale o aviso: o acessório só funciona no DS original ou no DS Lite. Modelos DSi e posteriores ficaram de fora por removerem a entrada GBA.
Uma relíquia esquisita, criativa e muito “Nintendo” — exatamente o tipo de invenção que faz a gente lembrar por que o DS foi um dos consoles mais experimentais da história.
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