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Netflix aposta no terror adolescente e surreal com adaptação de Black Hole, do diretor de I Saw the TV Glow

A Netflix está preparando uma nova viagem sombria ao subconsciente adolescente. A plataforma anunciou que Jane Schoenbrun, diretora por trás do aclamado e estranho I Saw the TV Glow, vai comandar a adaptação da graphic novel Black Hole, de Charles Burns, uma das obras mais cultuadas dos quadrinhos independentes.

O projeto não é novidade em Hollywood: desde que Black Hole começou a ser publicado, entre 1995 e 2005, diretores como David Fincher, Alexandre Aja e Rick Famuyiwa tentaram levá-lo às telas, mas todos os planos ficaram presos na fase de desenvolvimento. Agora, com Schoenbrun à frente e a Netflix no comando, parece que a história finalmente vai sair do papel, ou melhor, das páginas em preto e branco que marcaram uma geração.

A trama se passa em uma cidade aparentemente tranquila chamada Roosevelt, onde circula uma lenda urbana: quem faz sexo cedo demais pega o “bug”, um vírus misterioso que transforma o corpo e o rosto das vítimas em versões monstruosas de si mesmas. É o tipo de coisa que ninguém acredita até acontecer de verdade, e é exatamente o que rola com Chris, uma estudante que, depois de uma noite impulsiva, descobre estar infectada. Expulsa da sociedade, ela se junta a outros jovens contaminados que vivem isolados na floresta. Só que o isolamento logo se transforma em um pesadelo ainda maior, quando um assassino começa a caçá-los um por um.

Nos quadrinhos originais, que renderam a Burns um Harvey Award em 2006, Black Hole mistura terror corporal e drama existencial com um olhar melancólico sobre a juventude nos anos 1970, em Seattle. As ilustrações em preto e branco criam um clima sufocante, entre o pesadelo e a puberdade, que fez da HQ um ícone do underground. Ainda não se sabe se a série da Netflix vai manter o cenário setentista, mas é fácil imaginar Schoenbrun explorando o mesmo tipo de nostalgia distorcida que aparece em seus filmes anteriores, como We’re All Going to the World’s Fair e o ainda inédito Teenage Sex and Death at Camp Miasma.

Schoenbrun tem um talento particular para retratar o desconforto adolescente e o sentimento de deslocamento com um toque de surrealismo, justamente o que Black Hole pede. A combinação de terror psicológico, horror físico e drama íntimo parece feita sob medida para o estilo da diretora, que costuma transformar o medo em uma espécie de espelho emocional.

Depois de quase duas décadas presa no limbo das adaptações, Black Hole pode finalmente ganhar vida na Netflix. E se o tom for tão estranho e sensorial quanto o de I Saw the TV Glow, é bom se preparar: vem aí mais uma obra que vai deixar o público dividido entre o fascínio e o desconforto.

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Fagner Lopes

CEO Presidente e fundador da Obewise Entertainment Network, escritor, biomédico e amante de jogos eletronicos, mais precisamente DOTA 2. Redator do site e artista na Obewise Radio Network.

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