Um laboratório em Seul acaba de apresentar uma das inovações mais curiosas e promissoras da robótica moderna: pequenos robôs feitos quase inteiramente de água, que se comportam como organismos vivos. À primeira vista, parecem simples gominhas translúcidas, até você deixá-los cair da mesa. Em vez de quebrar ou se desmanchar, eles se achatam, escorrem e logo voltam à forma original, rolando tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Quando dois deles se encontram, o resultado é ainda mais surpreendente: eles se fundem em um único corpo, absorvendo tudo o que carregavam antes, como uma fusão biológica em miniatura.
Esses minirrobôs são descritos pelos cientistas como os primeiros “robôs quase totalmente feitos de água”. Cada um começa como um cubinho de gelo do tamanho de uma unha, coberto com minúsculos flocos de Teflon, parecidos com grãos de sal. Quando o gelo derrete, os flocos se organizam em uma espécie de pele à prova d’água, impedindo qualquer gota de escapar. O resultado é uma estrutura maleável, leve, pesa menos que um clipe de papel e barata, custando o equivalente a um centavo.

Colocados sobre a água, eles flutuam como pequenos besouros e se movem com precisão quando recebem ondas sonoras de um aparelho de ultrassom comum, do tipo usado em exames médicos. Ao inclinar o dispositivo, o robô muda de direção, escala paredes e até salta para fora da piscina, sem deixar rastros molhados. Tudo isso acontece sem fios, baterias ou ímãs: basta o som para colocá-los em movimento.
Os testes mostram que eles são incrivelmente adaptáveis. Quando encontram obstáculos com fendas menores que o próprio corpo, dividem-se em duas partes, atravessam o espaço e se reconstituem do outro lado, um comportamento que lembra o metal líquido do vilão T-1000 de O Exterminador do Futuro 2, só que sem precisar de calor extremo. Também são capazes de “engolir” objetos, como pequenas esferas de vidro ou grãos de ferro, e mudar de cor conforme o material absorvido. Em um experimento, dois robôs contendo substâncias diferentes se fundiram, e a reação química dentro deles criou um brilho vermelho intenso — tudo em segurança, dentro de um microreator do tamanho de uma gota de chuva.
A pele desses robôs é outro feito impressionante. Vista de perto, parece formada por escamas minúsculas, sobrepostas como as de um dragão. Essas escamas deslizam umas sobre as outras, tornando o material elástico e autorreparável. Quando o robô se expande, elas se afastam suavemente; quando encolhe, se comprimem, mantendo a estrutura intacta.

Para demonstrar o potencial da tecnologia, os engenheiros criaram um campo de testes em miniatura, com colinas, poças e até uma espécie de “prisão” para os robôs. Em uma das demonstrações, um deles libertou uma partícula amarela simulando um “veneno”, enquanto outro buscou uma “cura” vermelha do outro lado do cenário. Ambos se encontraram no ar, se uniram, mudaram de cor para roxo e rolaram até um ralo, onde liberaram a substância neutralizada, tudo em menos de um minuto e sem contato humano direto.
As possibilidades para o futuro são vastas. Esses robôs poderiam ser enviados para limpar resíduos radioativos em usinas nucleares, desobstruir tubulações corroídas por ferrugem ou até mesmo, quem sabe, explorar cavernas de gelo em Marte, onde veículos com rodas jamais conseguiriam chegar.
O que começou como um experimento com cubos de gelo e Teflon agora aponta para um novo tipo de robótica, uma que se mistura com a biologia, desafiando os limites entre o vivo e o sintético. E quem diria que o futuro da exploração espacial e da limpeza ambiental poderia estar escondido dentro de algo que parece uma simples jujuba?
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