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Crepúsculo celebra 20 anos com edições luxuosas e o retorno do fandom ao universo de Forks

Vinte anos se passaram desde aquele fatídico dia de outubro de 2005, quando Stephenie Meyer presenteou o mundo com Crepúsculo, um livro que começaria como um simples sonho da autora, com a imagem de uma humana e um vampiro cintilante apaixonados, e se tornaria um dos maiores fenômenos culturais do século XXI. Em 2025, o marco é celebrado não apenas como uma conquista literária, mas como um testemunho vivo da importância dos fandoms na indústria cultural contemporânea. E a Editora Intrínseca, que ajudou a escrever essa história no Brasil, marca este momento especial com dois lançamentos que vão fazer qualquer fã verter lágrimas de nostalgia.

Estamos falando da Edição Luxo de Colecionador de Crepúsculo e do inédito Box Comemorativo de 20 Anos, dois produtos que chegam simultaneamente aos Estados Unidos e Brasil. Para aqueles que viveram intensamente a febre vampiresca dos anos 2000 e 2010, estas edições representam muito mais que simples livros. São monumentos físicos de uma época em que ser Team Edward ou Team Jacob era praticamente um movimento político.

A Edição Luxo de Colecionador é absolutamente incrível em todos os sentidos. Com uma capa dura e acabamento em estilo vintage, a edição traz detalhes que fariam qualquer colecionador suspirar, com fitilho elegante, uma luva estampada que abraça a capa, título impresso com efeito metalizado que brilha à luz, guardas coloridas e, o que mais chama atenção, uma pintura lateral dourada com um design exclusivo e cheio de efeitos especiais, em que o leitor pode ver uma ilustração diferente de Bella ou Edward dependendo de como manuseia o livro. É aquele tipo de detalhe que faz você esquecer que está segurando um objeto e não uma obra de arte.

Já o Box Comemorativo é para os colecionadores completos. Pela primeira vez, os cinco livros da série (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Amanhecer e o aguardado Sol da Meia-Noite) estão reunidos em uma edição especial com novas capas e impressão lateral. As artes foram assinadas pelo artista filipino Pedro Tapa, cujo traço delicado consegue capturar a essência melancólica da saga. Com acabamento em brochura e capas incríveis, o box é uma declaração de que trata-se de um objeto para ser admirado na prateleira, guardado com cuidado e passado adiante.

Para quem vivenciou de perto a franquia no Brasil, como eu tive a oportunidade, lembra de que quando a Intrínseca publicou o primeiro livro da saga em 2008, a editora ainda era jovem e explorava seu caminho no mercado brasileiro. Seu maior sucesso até então tinha sido A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak. No entanto, Crepúsculo mudaria tudo.

Crepúsculo abriu portas para novos títulos, consolidou a Intrínseca como uma das maiores editoras do país e criou um relacionamento direto e visceral entre a casa editora e seus leitores. Muitos dos fãs que compraram aquele primeiro exemplar em 2008 continuam acompanhando as novidades da editora. É uma lealdade que poucos produtos culturais conseguem manter por duas décadas.

O Fandom Twilight Universe: Quando a Comunidade Escreve a História
Mas nenhuma dessas conquistas seria possível sem menção ao papel absolutamente transformador dos fandoms, principalmente o grupo de fãs organizados e apaixonados conhecido como Twilight Universe, que atuou incansavelmente em São Paulo durante a década de 2010.

Durante o período de auge da saga no Brasil (2008-2012), especialmente com o lançamento dos filmes em paralelo aos livros, São Paulo se tornou um epicentro da cultura Crepúsculo. O Twilight Universe e outras comunidades de fãs organizavam eventos de lançamento que vibravam com a energia de milhares de adolescentes (e também muitos adultos) ansiosos por devorar as próximas páginas ou assistir ao próximo filme. Esses eram encontros que iam além do consumo passivo, eram celebrações, espaços de criatividade compartilhada, onde cosplayers caprichados desfilavam como vampiros reluzentes e lobisomens, onde debates apaixonados sobre qual era o melhor casal (Edward e Bella ou Bella e Jacob) ecoavam entre grupos.

O Twilight Universe foi particularmente importante nesse processo. Este grupo de fãs não apenas propagava informações sobre os lançamentos, mas criava uma narrativa cultural que tornava Crepúsculo muito mais que um produto de consumo. Era uma identidade, uma língua compartilhada, uma forma de estar no mundo. As redes sociais se tornaram extensões naturais dessa comunidade presencial, criando um espaço onde fãs podiam conectar-se, compartilhar teorias, criar fanfictions, fazer edições de vídeos e manter viva a chama de Forks mesmo nas semanas entre lançamentos.

Aqui está o ponto crucial de tudo, pois o fandom não foi apenas consumidor de Crepúsculo. Ele foi co-criador da cultura ao redor da saga. Quando falamos sobre a importância do fandom para a franquia, não estamos falando de cifras abstratas. Estamos falando de pessoas reais que se tornaram embaixadores não remunerados da série. Eles iam às escolas e recomendavam os livros para colegas. Compravam múltiplas edições, tendo uma para ler, outra para colecionar, mais uma para emprestar. Abarrotavam cinemas repetidas vezes. Cada novo fã trazido para a comunidade era outro consumidor potencial, outra pessoa compartilhando sua paixão, outro voto de confiança.

O fandom também manteve Crepúsculo vivo mesmo durante os períodos de “hibernação” da saga. Entre o lançamento de Amanhecer (2008) e Sol da Meia-Noite (2020), um espaço de 12 anos, foram os fãs que mantiveram a chama acesa. Escreviam fanfictions, criavam conteúdo, compartilhavam teorias sobre o que poderia vir em seguida. Quando Sol da Meia-Noite finalmente chegou, foram esses mesmos fãs que garantiram que o livro alcançasse rapidamente as listas de bestsellers.

É importante compreender o que Crepúsculo realmente fez pela literatura jovem adulta. Sim, há críticas legítimas sobre a representação de relacionamentos, sobre as dinâmicas de poder entre os personagens, sobre certos aspectos da narrativa que, vistos com olhos contemporâneos, levantam questões morais complexas. Mas nenhuma dessas críticas diminui um fato fundamental: Crepúsculo criou leitores.

Milhões de adolescentes que poderiam estar em frente a uma tela em 2005, totalmente desconectadas da leitura, pegaram aquele primeiro livro por curiosidade, por recomendação de uma amiga, por impulso em uma livraria e descobriram um universo que as transportou. A série Crepúsculo vendeu mais de 160 milhões de exemplares no mundo inteiro. Mesmo aqui no Brasil, em que chegou alguns anos depois, a saga conquistou mais de sete milhões de exemplares, tornando-se um dos maiores sucessos editoriais jamais registrados.

Muitos daqueles leitores originais, hoje com 30 e poucos anos, continuam lendo. O fandom de Crepúsculo estabeleceu padrões e abriu caminho para outras séries de sucesso. Duas décadas após aquele sonho que mudou tudo, Stephenie Meyer talvez não tenha imaginado que Crepúsculo continuaria gerando esse tipo de fervor.

O lançamento da Edição Luxo de Colecionador e o Box Comemorativo não são simplesmente produtos. São artefatos de uma época, memoriais de um fenômeno que mudou a literatura, o cinema, a indústria editorial e, mais importante, a vida de milhões de pessoas que encontraram em Bella Swan e Edward Cullen um espelho de seus próprios anseios e medos adolescentes. E nós, do Nerdizmo, não poderíamos estar mais apaixonados por essa saga que atravessa gerações.

Fagner Lopes

CEO Presidente e fundador da Obewise Entertainment Network, escritor, biomédico e amante de jogos eletronicos, mais precisamente DOTA 2. Redator do site e artista na Obewise Radio Network.

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