A Valve está pronta para tentar novamente. Depois de uma década desde a primeira tentativa frustrada, a empresa acredita que agora é o momento certo para o retorno das Steam Machine e garante que a nova geração do dispositivo pode abrir caminho para uma nova era de PCs com SteamOS.

Diferente do passado, a nova Steam Machine foi totalmente projetada e será vendida pela própria Valve. Isso significa que ela não poderá ser convertida para Windows de última hora, como ocorreu antes, mas essa limitação é parte do plano: a ideia é consolidar o ecossistema do SteamOS e inspirar outras empresas, modders e jogadores a criarem suas próprias versões no futuro.
Durante uma visita recente à sede da Valve, engenheiros da companhia explicaram por que acreditam que agora o projeto finalmente pode dar certo. “Achamos que o primeiro Steam Machine era um produto legal, mas o momento não era o ideal”, comenta Yazan Aldehayyat, engenheiro responsável pelo novo modelo. “Hoje, com o SteamOS e o Proton, sentimos que o terreno está preparado.”
O sucesso do Steam Deck é a grande prova disso. O console portátil popularizou o uso do SteamOS, um sistema baseado em Linux, e do Proton, a camada de compatibilidade que permite rodar jogos de Windows com excelente desempenho. A Valve quer agora levar essa experiência para outro formato, um PC compacto que funcione tanto na sala, conectado à TV, quanto na mesa, com mouse e teclado.

O impacto do Steam Deck também foi sentido em todo o mercado: o sucesso do portátil inspirou outras fabricantes, como Asus e Lenovo, a lançarem suas próprias versões, e mostrou o potencial dos chips móveis de alto desempenho da AMD. Tanto que o SteamOS já foi instalado com sucesso no Lenovo Legion Go S, onde superou o desempenho obtido no mesmo hardware rodando Windows 11.
Com a nova Steam Machine, a Valve pretende repetir essa história. O objetivo é mostrar o que o SteamOS pode fazer em máquinas pequenas e acessíveis, ainda sem preço confirmado, e incentivar outras empresas a apostarem no formato. “Assim como o Steam Deck inspirou novos portáteis, queremos ver o que outras companhias podem criar com esse formato”, explica Aldehayyat.
Ainda assim, há desafios pela frente. Embora o suporte a chips da Intel e da AMD esteja em constante expansão, o SteamOS ainda precisa evoluir para funcionar com total compatibilidade em PCs mais poderosos, especialmente com placas gráficas Nvidia. “Nosso driver para hardware AMD é desenvolvido internamente, então ainda estamos correndo atrás no suporte para Nvidia e Intel”, comenta Pierre-Loup Griffais, outro engenheiro da Valve. “Mas se você colocar o sistema em algo com uma RX 9070 XT, vai funcionar perfeitamente.”
Hoje, já existem muitos entusiastas que montam seus próprios “Steam Machines” caseiros, instalando o SteamOS ou até a imagem de recuperação do Steam Deck em PCs personalizados. E é justamente essa comunidade que a Valve quer fortalecer. A empresa enxerga o futuro do projeto como um ecossistema aberto, onde fabricantes e usuários possam experimentar novas formas de hardware compatível com o SteamOS.
O sistema, que já mostra ótimo desempenho em máquinas mais simples, vem se tornando uma alternativa real ao Windows para quem busca mais performance e liberdade. E com o avanço de distros Linux otimizadas para jogos, como o Bazzite, cada vez mais gamers estão dispostos a abandonar o sistema da Microsoft.
Por enquanto, a nova Steam Machine representa o primeiro passo de uma aposta ambiciosa: testar novamente o mercado, consolidar o SteamOS e criar uma base sólida para o futuro dos jogos fora do Windows. Se o preço for competitivo, o sucesso pode finalmente chegar e, desta vez, parece que a Valve está pronta para isso.
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