Em 18 de outubro de 1985, uma data aparentemente comum em Nova York marcou o início de uma das maiores revoluções do entretenimento moderno. Naquele dia, a Nintendo colocou discretamente cerca de 200 unidades do Nintendo Entertainment System (NES) nas prateleiras, acompanhadas de alguns cartuchos que traziam aventuras de encanadores saltando sobre tartarugas. Quarenta anos depois, aquele modesto lançamento é lembrado como o ponto de virada que redefiniu o conceito de videogame e salvou toda uma indústria.
Na época, o mercado de jogos vivia uma crise profunda. O colapso de 1983 havia deixado lojas cheias de estoques encalhados e consumidores frustrados com produtos de baixa qualidade. A Nintendo, que já havia conquistado o público japonês com o Famicom, sabia que precisava fazer algo diferente para conquistar os Estados Unidos. Assim nasceu uma nova versão do console, adaptada ao gosto americano, com design mais moderno e um apelo familiar. O NES Action Set, que custava cerca de 180 dólares (o equivalente a mais de 500 dólares hoje), vinha com o lendário Super Mario Bros. e acessórios como a pistola Zapper, usada em jogos como Duck Hunt.
No início, as vendas foram tímidas. O receio do público e as restrições impostas por lojas de brinquedos dificultavam a exposição do console. Mesmo assim, a Nintendo insistiu e introduziu políticas rigorosas de qualidade, como o famoso “Seal of Quality”, um selo dourado que garantia aos consumidores que o jogo não seria mais uma decepção. Esse controle rígido sobre os lançamentos também se estendia às desenvolvedoras terceirizadas, que precisavam da aprovação direta da empresa para lançar novos títulos.
Aos poucos, o NES foi conquistando espaço nas salas de estar americanas. O controle simples, apenas dois botões e um direcional, se tornou uma extensão natural das mãos dos jogadores. O console também apresentou ideias ousadas, como o robô R.O.B., que prometia interatividade futurista, e o Power Glove, uma luva que, embora ambiciosa, ficou mais famosa pela curiosidade do que pela precisão. Em contrapartida, acessórios como a Zapper e o Power Pad, que transformava o chão da sala em uma pista de corrida, fizeram sucesso e ajudaram a consolidar a identidade divertida e familiar da marca.
Com o passar dos anos, a biblioteca do NES se expandiu rapidamente, oferecendo uma enorme variedade de estilos, dos esportes de Baseball e Punch-Out!! aos desafios de Bubble Bobble e Battletoads, sem esquecer as aventuras que moldaram o gênero de RPG e plataforma. O resultado foi uma conquista histórica: mais de 60 milhões de unidades vendidas no início dos anos 1990, consolidando a Nintendo como sinônimo de videogame.
Quatro décadas depois, o NES ainda é lembrado com carinho por ter restaurado a confiança no mercado e introduzido personagens e mecânicas que continuam vivos até hoje. O pequeno console cinza que começou com 200 unidades em Nova York acabou se tornando o alicerce de toda a cultura gamer moderna, uma verdadeira celebração de 40 anos de magia pixelada.
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