Em entrevista para o Nerdizmo, Carol Façanha, autora nacional de A Hora da Serpente e A Prisão de Escamas, que está sendo lançado durante a Bienal do Livro de São Paulo, Sonhos de Fumaça, Filha da Lama, Não Esqueça, entre outras obras, revelou detalhes sobre seu trabalho.
Desde o processo criativo, passando pelos desafios em trabalhar suas referências, e revelando bastidores das suas edições, a autora fez uma pausa em suas sessões de autógrafos durante o evento, que acontecem diariamente no estande da Editora Cabana Vermelha, para conversar conosco.
Começamos o bate-papo perguntando como a autora consegue desenvolver sua criatividade para trabalhar tantas obras.
Carol revelou ser uma pessoa muito intuitiva e foca em duas ou três obras ao mesmo tempo. Sempre com um calendário editorial, com possíveis oportunidades com janelas de publicação pelas editoras que mantém contato ou até mesmo um concurso literário que tenha espaço para seu estilo, mas prioriza sempre suas vontades e ideias. Tendo em mente que uma ideia ou sonho podem gerar novos trabalhos interessantes, a autora reconhece que cada história possui seu próprio tempo para ser criada, independente de você ter a técnica necessária ou saber exatamente o que quer, mas muitas vezes somente alguma experiência vivida pode trazer a bagagem necessária para ela sair do papel.
Influências e referências pessoais fazem parte do trabalho como autora e as histórias criadas?
A partir dos seus gostos pessoais, a autora confirmou que tenta criar uma mistura entre suas referências para que elas acompanhem suas obras. Sua paixão por música e musicais, quase levando-a para uma carreira de dançarina, permitiu também que Carol trabalhasse em suas obras tendo o ritmo como parte do seu processo criativo, inclusive criando uma parceria com Ariel Ayre na criação de uma música, chamada Lua de Fel, inspirada em “A Hora da Serpente”. Inclusive, à convite da própria autora, seus livros possuem passagens que ao serem lidas em voz alta terão um ritmo perceptível como se fosse possuíssem uma melodia própria. Claro que suas referências acadêmicas como, por exemplo, Anne Carson, que contribuiu muito sobre tradução, o feminino e linguagem, além de autoras nacionais como Fernanda Castro (Mariposa Vermelha), Ariani Castelo (O Abismo de Celina) e Carol Chiovatto (Senciente Nível 5).
Desde a arte de capa como a edição e os elementos gráficos, como seus livros carregam elementos familiares à história?
Através da experiência e por já ter trabalhado com formato impresso e digital, Carol comentou que consegue reconhecer pelo tipo de história que está trabalhando sobre qual o melhor caminho para desenvolver uma arte de capa e edição quando ela é direcionada para e-book e vitrines virtuais ou livrarias e suas prateleiras físicas. “A Hora ad Serpente” e “A Prisão de Escamas”, por exemplo, mesmo sendo obras Monster Romance e tendo pitadas de hot, possuem capas conceituas por decisão da autora por ter uma trama política e se tratar de uma distopia. Pela narrativa com características feministas e referências ao Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), a autora também não queria se apoiar em estereótipos para não afastar suas obras do público que ela deseja alcançar. Em “Sonhos de Fumaça”, sua arte de capa foi feita pelo ilustrador Bruno Romão, que teve todo estudo, trabalho e cuidado para retratar os gêneros Dark Academia e Diesel Punk em sua arte, sendo a primeira obra nacional com uma história desse tipo. No entanto ela não descarta também os trabalhos de artistas que trabalham com capas pré-fabricadas como, por exemplo, as artes de Ellen Ferreira e Bruna Silva, quando ela trabalha com histórias que são direcionadas para um público mais amplo.
Quais os planos para o futuro e o que podemos esperar de novidades pela frente?
Com um trabalho já em andamento, ainda sem poder revelar muitos detalhes, Carol Façanha espera que ele chegue ainda em 2024. Enquanto alguns projetos maiores estão em fase inicial, a autora aguarda ansiosamente pelo resultado do Prêmio Literário Voz, em que ela concorre como finalista com “Ciborgues Rebeldes Sonham com a Morte” e, caso seja escolhido, ganhará uma edição pela Editora Patuá para essa distopia feminista.
Enquanto isso nós vamos ficar na torcida para lermos mais obras da Carol Façanha em breve e que seu trabalho seja vencedor desse prêmio!